Blake Babies – Sunburn (1990)
Talvez nem todos se lembrem – ou saibam – que a querida Juliana Hatfield, antes de formar o Juliana Hatfield Trio e de ser ‘a’ Juliana Hatfield de “Everybody loves me but you” e “My sister” era vocalista de uma banda. E uma ótima banda, por sinal.
A tal banda surgiu no distante 1986 em Boston quando ela, John Strohm e Freda Love, então jovens estudantes, decidiram juntar sua paixão por música e artes em geral sob o nome Blake Babies (nome este dado por ninguém menos que o poeta beat Allen Ginsberg, que após uma leitura em Harvard foi abordado pelo trio lhe pedindo que batizasse seu recém formado grupo).
Já no ano seguinte lançaram seu primeiro registro, Nicely, nicely, e rapidamente entraram no circuito das college radios. Ficaram amigos de Evan Dando, trabalharam com Billy Bragg e em 1990, um ano antes de se separarem, assinaram com a Mammoth Records – que depois lançaria álbuns da própria Juliana e do Antenna, projeto que Strohm e Love tocaram após o fim do Blake Babies – e por lá colocaram no mercado o canto do cisne de sua primeira fase e também um dos grandes pequenos clássicos perdidos dessa época mágica, o delicioso Sunburn.
Como dito no primeiro parágrafo deste curto texto, talvez poucos se lembrem ou conheçam o BB, mas quem conhece ou se lembra certamente é apaixonado por este álbum. Menos cru que seus antecessores, Sunburn pra mim está ao lado de Real Ramona, Palomine, Star, Pod, Dry e outros grandes discos guiados por guitarras e vozes femininas (normalmente) mais fixados no inconsciente coletivo.
Aqui a influência de R.E.M. continua gritante como sempre foi, e a voz de Hatfield junto à cozinha de seus parceiros de banda vivem seu momento angular, um casamento perfeito entre distorções e arranjos limpos, doçura e agressividade, passando por “Out there” e “I’ll take anything” e terminando na maravilhosa “A million years”, que encerra Sunburn, a carreira do Blake Babies – ao menos sua primeira parte – e, segundo Stewart Mason do AllMusic, a fase de ouro do college rock. Errado ele não está, afinal pouco depois o grunge explodiria e nada mais seria como antes. Mas isso não vem ao caso agora.
Porque em 1990 uma banda pouco lembrada e/ou conhecida deixou sua marca no universo dos bons sons. E isso é o que importa.
Ouça alto!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos