Birdie – Triple Echo (2001)

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A música, invariavelmente, te leva pra onde você precisa estar, e não pra onde quer estar. A não ser, claro, quando você é alguém que como diz a canção do mestre, deixa a vida te levar; mas Zeca, bem sabemos, não fala sobre algoritmos.

Hoje estava numa bad que parecia sem fim, infligindo a meu pobre coração um sem número de canções que o encolhiam e apertavam, e a cada música tocada outra era sugerida, num carrossel de tristeza onde os cavalos mudavam de cor e forma mas tinham por dentro o mesmo vazio.

Até que ali pelo final da tarde, como aprendi com a saudosa Rita, decidi mudar. Fugi do poço aparentemente sem fundo em que estava me agarrando nas frestas de seus tijolos, ou no caso ‘canções para sair da bad’. Fui sacando de lembranças e me jogando em várias trips diferentes e em algum momento tocou “Day by day”, das Dolly Mixture, aí estanquei, depois corri pra escutar o trio de Cambridge e numa maravilhosa chuva de sinapses (obrigado pra sempre por esta frase, Calma, Gente Horrível) fui rapidamente levado ao Birdie, projeto da ex-Dolly Debsey Wykes, e assim cá estamos.

Em primeiro lugar, o Birdie não tem nada em comum com o Dolly Mixture a não ser a voz de Debsey. A dupla formada por ela e Paul Kelly nos anos noventa faz(ia) exatamente o tipo de música iluminada e tranquila que eu precisava hoje (volte ao primeiro parágrafo), e se eu fosse um jovem místico diria que o universo conspirou a meu favor (hahahahaha).

Descobri o duo graças à sua ligação direta com o Saint Etienne, já que ambos foram braços e voz do trio londrino – ao que sei – em seu início de carreira (é Debsey quem canta em “Who do you think you are”, single dos Etiennes lançado em 1992). Em comum entre os grupos, mas com cada um demonstrando de seu jeito, a paixão pela música sessentista.

Confesso que há tempos não escutava nenhum dos dois álbuns do Birdie e na hora de escolher um para me salvar e posteriormente rodar aqui decidi pelo segundo, menos conhecido e último deles, Triple echo, de 2001. Não que Some dusty, de 99, deixasse de cumprir a missão de resgate desta alma conturbada, mas neste disco a combinação entre doce voz de Ms. Wykes e os (diversos) instrumentos tocados por Kelly soa a meus ouvidos mais aerada e flutuante, com 12 canções que remetem muito ao lado mais pop do Stereolab – com aquela aura meio inocente dos 60’s trazida pros anos 90/00 – e, mais importante, que me deram hoje a paz que eu tanto precisava.

Obrigado, música que salva! Obrigado, Birdie!

 

 

Ou no spotifalho

 

Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos

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