Desde que o Portishead entrou no hiato aparentemente eterno pós-Third, Geoff Barrow toca seu projeto-ou-agora-banda-principal Beak> ao lado de Matt Williams e Billy Fuller, chegando em 2024 ao quarto álbum, >>>> (ou Beak 4).
Caso desconheça o que é a música do trio uma definição rasteira pode ser rotulá-los como pós-rock, e pra situá-lo com ainda maior precisão na história da banda eles começaram bem experimentais com >, se tornaram mais palatáveis nos dois discos seguintes (>> e >>>) e agora não são nem uma coisa nem outra (risos). Ok, talvez pendendo mais pra suas raízes, mas nem tanto.
A fórmula dos caras envolve kraut, psicodelia, dub, eletronices diversas e por aí afora, mas a mistura é maleável, sem uma rigidez que os prenda a esse ou àquele gênero/estilo. E num panorama geral tudo o que eles produzem é bem sombrio e MUITO influenciado por Silver Apples e Can (assim como o citado Third, do Portishead). Basta escutar “The seal”, segunda faixa de >>> e atestar.
Talvez este álbum não seja a melhor porta de entrada pro trabalho do Beak>, mas francamente creio que seja indiferente por onde se começa a sacá-los; sua música não é facilmente digerível e mesmo nos momentos mais acessíveis a voz de Barrow espanta os desavisados (risos), mas é justamente nessa estranheza toda que está o que os torna tão interessantes neste mundo tão homogeneizado.
E talvez se não fosse lançado apenas 15 dias após o confessional e belíssimo “Lives outgrown”, de Beth Gibbons, tivesse um alcance maior (até entre os fãs de Portishead). Mas isso é apenas um achismo.
De qualquer forma um dos discos preferidos por aqui neste 2024 que caminha rumo ao final. Ouça no talo e sem expetativas.
PS: o cão com olhos de raio laser na capa de >>>> é Alfie, o falecido mascote do trio.
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos