Tem uns discos que pegam diretamente no nervo, sem dó nem piedade, e Relationship of command é um deles. O terceiro álbum do At The Drive-In é, em todos os sentidos, uma paulada na minha moleira. Na física, na mental e na espiritual.
Em primeiro lugar, porque é explicitamente explosivo, carregado com energia suficiente pra por um monte de discos de ‘rock pesado’ miando baixinho, encolhidos num canto da sala com a cabeça entre as pernas; depois porque essa mesma energia visceral e urgente, própria da juventude, me pegou em cheio quando minha vida era exatamente assim, volátil e prestes a explodir, igualmente apaixonada e violenta.
Vinte e poucos anos de idade, universidade e o futuro todo pela frente, cabelo à Cedric e Omar, skate sob os pés sem destino específico, sempre rápido, sempre em frente. Festas insanas ao som de “One armed scissor”, dias e noites sem fim ao som de “Pattern against user” e “Rolodex propaganda”…caralho, eu fico realmente emotivo escutando/sentindo esse álbum.
As duas décadas de Relationship of command não o envelheceram nem um pouco e quanto a mim, bem, o nervo que ele acerta hoje não é o mesmo daquela época, afinal já tá judiado (risos). Mas ele segue me servindo como combustível, independente das condições dessa velha carcaça (hahahaha).
Um fato inusitado: eu só cheguei de verdade ao At The Drive-In e seus discos – este, em especial – graças ao show do Trail of Dead em 2001, no SESC Belenzinho – especificamente após o porre e toda a loucura com o vocalista/baterista/tudo Conrad Keely após o show. Histórias de uma vida volátil e prestes a explodir. Dripping with drool from the nerves…
Essencial!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos