Anika – Do jornalismo político a expoente do submundo musical

0
3

Anika nasceu em Surrey, na Inglaterra, mas ela e os irmãos cresceram falando também o alemão em casa e isso explica seu forte sotaque à Nico; além dele herdou dos pais o amor pela música, sempre presente na lar da família Henderson.

Porém antes de enveredar pelos campos experimentais onde vieram a florescer seus tantos trabalhos musicais, a jovem Annika (seu nome de batismo) trilhou uma estrada bem menos interessante mas igualmente turbulenta, a do jornalismo político.

Durante os anos em que atuou como tal e também como correspondente em Berlim para o ESNA (European Higher Education News) a futura cantora viu crescer em si questionamentos sócio-políticos que mais tarde se tornariam temas de suas canções e que ali já começavam a ser rascunhados nas letras que escrevia. Foi também neste período que sua vida deu uma guinada, quando conheceu Geoff Barrow.

O ex-Portishead buscava uma vocalista para seu novo projeto, o Beak>, e na voz gelada de Anika encontrou o que procurava. Descobriram ter várias influências em comum, e durante essas trocas ela o convidou a produzir algumas de suas ideias. Em 12 dias estava pronto Anika, seu debute, lançado em outubro de 2010.

Além de produzir as 9 faixas do disco – que traz covers de Yoko Ono, Bod Dylan e Ray Davies, entre outros – Geoff também ‘emprestou’ o Beak> como banda de estúdio para Anika. O resultado é um álbum em que o dub, o pós-punk e a sonoridade das girl groups se fundem gerando algo experimental, minimalista e sombrio, trazendo à memória obscuridades do fim dos 70’s/começo dos 80’s, como o Malaria!

Inquieta, na metade daquela década Anika fez sua estréia no México tendo como parceiros nos palcos Hugo Quezada, Martin Thrulin e Hector Melgarejo. Da convivência entre eles nasceu o Exploded View, ainda mais experimental e politizado, que até agora lançou dois álbuns e um EP (Exploded view, em 2016; Summer come early, em 2017 e Obey, em 2018. Nesse meio tempo ela também colaborou com Tricky, Dave Clarke, Shackleton e I Like Trains. Prolífica?

Em 2021 durante a maldita pandemia de Covid 19 e 11 anos após debutar, Anika ressurge com Change, um disco menos cabeçudo, mais eletrônico e ‘pop’ que seu predecessor, gravado em Berlim com seu parceiro de Exploded View, Martin Thrulin. Em comum, os temas das composições e a voz fria de Anika à frente de tudo.

Corta para abril de 2025: mais uma vez trabalhando ao lado de Thrulin mas desta vez inspirada pelo grunge – em especial pelo Hole de Courtney Love – Anika ressurge com Abyss, seu disco mais ‘roqueiro’ até agora, soando como se sua raiva e frustrações com os caminhos da humanidade escorressem das letras para as guitarras. Ouça “Out of the shadows” e ateste.

Graças a sua versatilidade e desprendimento de amarras estéticas e igualmente por ser uma voz de confronto num mundo onde imagens falsas valem mais que palavras verdadeiras, Anika é uma figura essencial no universo da música.

Que siga assim, autêntica, combativa e sem medo de experimentar.

Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos

Deixe uma resposta

Por favor digite seu comentário!
Por favor digite seu nome