Há 5 anos escrevi aqui sobre uma volta do Amusement Parks on Fir3, banda querida por estes lados que surgiu por volta de 2004 e ficou sumida (do nosso radar) por alguns anos, anos esses nos quais Michael Feerick – o ‘homem Amusement’ – esteve envolvido com outros projetos e vagando por suas próprias trips.
Pois bem, dia desses me lembrei do texto escrito em 2018, fui checar por onde andavam e assim descobri que eles lançaram um álbum durante a pandemia, aparentemente pouco escutado e comentado, então decidi ver qual é a de An archaea. E assim cá estamos.
Caso você desconheça o Amusement Parks on Fire, vale avisar que mesmo sendo rotulados como shoegaze/dream pop/noisers e por aí afora, sua música tem – entre outras coisas – uma veia pop saltada que os distancia um tanto do grosso associado a estes gêneros. Além dessa pegada que os aproxima mais do Ride pós-92 que do My Bloody Valentine, por exemplo, Feerick deixa transparecer outras influências em suas composições, e aí se escuta desde um bocado de Radiohead circa Ok Computer até pitadas de prog/art rock em meio a sonhos e distorções ‘normais’ aos rótulos citados.
Tudo isso é a estrutura de An archaea, sem tirar nem por. Olhando além disso, o disco mostra uma certa obsessão cinentífico-marinha nos temas das músicas e em seu próprio título (“An archaea”, “Diving bell”, “Old salt”, “Atomised”, “No fission”, os sons de sonar na maravilhosa “Breakers”, etc), no que parecem ser rotas de fuga de Michael Feerick, ainda mais se levarmos em conta o período caótico em que o álbum foi lançado.
Detalhes à parte, An archaea é um puta baita retorno do APOF; se vão dar sequência a ele são outros quinhentos, mas isso realmente não importa agora. Aperte o play e saque uma banda que consegue imprimir sua marca e fazer diferença num universo musical que tende à homogeneização.
Ah, a voz de Feerick segue quase idêntica a de Daniel Johns (risos).
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos