Apesar de não conhecê-lo pessoalmente posso dizer que Alexandre Cruz faz parte, ainda que indiretamente e sem saber, da minha vida.
Não consigo me lembrar quantas vezes o vi sobre o palco desde que comecei a frequentar shows, e fosse com o Safari Hamburguers ou com o Garage Fuzz, o Farofa estava lá e cá estava eu, pogando até encharcar a camiseta, comprando CDs e cassetes nas barraquinhas, cada um do seu jeito fazendo a música independente girar.
Independência aliás poderia ser o nome do cara, ou faça você mesmo, porque desde sempre essa tem sido a pegada do trabalho dele. Além das bandas citadas acima, Alexandre – que também é envolvido até os ossos com artes visuais e plásticas – mantém há alguns anos (entre outros) os projetos ACruz Sesper e ACruz Sesper Trio: no primeiro, ele compõe, toca e grava tudo sozinho, no melhor esquema lo-fi; no segundo é acompanhado por Giuliano Belloni (bateria) e Fernando Denti (baixo).
E foi com essa formação que a banda lançou em fevereiro último seu novo disco, The days go by like broken stairs – via Assustado Discos, Rolo Seco Discos e Submarine Records. E nesses quase três meses não foram poucas as vezes em que apertei o play e ouvi suas dez faixas com o volume no talo.
O álbum é curto, acelerado e totalmente movido à rock de guitarras dos anos noventa. Impossível escutá-lo e não pensar em, sei lá, Superchunk, Sebadoh, Nada Surf; em sessões de skate insanas pelas ruas da cidade durante o dia e shows ainda mais insanos em noites que pareciam não ter fim.
Parece nostalgia, eu sei, e provavelmente é. Algumas marcas – ainda bem – simplesmente não desaparecem, permanecem em nós pra nos mostrar de onde viemos, mas não são sinais de paralisia. Funcionam sim como um constante e bem vindo empurrão para seguirmos olhando pra frente, sem medo do passado e em direção ao futuro. Como deve ser.
Ouça alto!
Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos