A Certain Ratio – The Graveyard And The Ballroom (1980)

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Nenhuma banda que me lembre agora teve a manha de lançar como primeiro disco oficial uma compilação com gravações antigas e canções ao vivo, tudo absolutamente lo-fi. E nenhum selo que me lembre teve culhões pra bancar uma aposta dessas, provavelmente fadada a dar merda. Foi exatamente isso que o A Certain Ratio e a Factory fizeram em janeiro de 1980. E não, não deu merda. Ou se deu, Tony Wilson segurou a trip, como aliás sempre fez.

O boss do selo de Manchester e meio mundo apostavam suas fichas no ACR como ‘o novo Joy Division‘, mas apesar da semelhança vocal entre Simon Topping e Ian Curtis, das bandas serem contemporâneas e conterrâneas, o grupo originário do pequeno subúrbio de Flixton estava mais próximo musicalmente de Gang of Four e Glaxo Babies, ou mesmo de Pop Group e Delta 5. Em resumo, queriam por os ingleses pra dançar, não mandá-los para a cova (risos nervosos, desculpem a piada de mal gosto).

Nessa pegada chegamos a The graveyard and the ballroom, o citado debute do A Certain Ratio, que originalmente saiu como fita cassete trazendo em seu lado A (The Graveyard) sete músicas gravadas nos estúdios Graveyard em setembro de 79 e no lado B (The Ballroom), mais sete faixas registradas durante uma apresentação do grupo no Electric Ballroom em outubro do mesmo ano. E o resultado dessa aposta da Factory – produzida pelo genial Martin Hannett e com capa do igualmente genial Peter Saville – pode ser descrita de uma forma rasteira como tudo que Rapture, Radio 4 e tantos outros quiseram ser mas nunca conseguiram hahaha.

Pós-punk sim, em alguns momentos mais tétrico e estático também, mas na maior parte do tempo sacolejante. deixando escorrer pelos poros (e por riffs de guitarra/groove da cozinha, em especial nas linhas de baixo) a influência gritante do funk, gerando um contraste bizarro mas irresistível. Aperte o play em “Flight” e entenda essa dualidade.

A banda segue em atividade, seu disco mais recente acabou de ser lançado e se chama 1982, mas uma conversa sobre ele ou qualquer um dos discos que o ACR lançou de 1980 pra cá fica prum outro dia. Hoje o lance é (re)descobrir The graveyard and the ballroom.

Ouça no talo!

 

Fonte: Pequenos Clássicos Perdidos

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