Wyllian Correa está sentado numa cadeira de escritório mal ajustada para sua altura no meio de uma redação parcamente povoada. Prostrado no móvel, ignorando as tendências em Reeducação Postural Global, ele digita uma série de palavras que parecem carregar o peso do seu testamento para o mundo. No entanto, o que se lê na tela é de fato muito simples e objetivo: Estou muito doente =(
Adotando uma série de procedimentos para não sucumbir à crise e trabalhar por um país melhor, ele se levanta em direção à copa carregando o semblante mais sofrido que obrigue os colegas no caminho a perceberem e perguntarem “que cara é essa?”
– Tô muito doente ='(
A compaixão por sua condição parece não ser tão contagiosa quanto certos vírus oportunistas. Ele dá uma respirada sofrida. Seu olhar é lânguido.
A mão segura debilmente uma genérica cápsula bicolor. No balcão está uma garrafa térmica toda lambuzada de café. “Hm, café”, ele pensa. Decide engolir o comprimido junto com o melhor café que uma licitação suspeita pode pagar. De pronto a mistura se provou das mais equivocadas. “A doença começa a afetar o meu raciocínio”, conclui.
Mesmo infeliz, retorna ciente de suas responsabilidades. Também lembra que o ~ARTISTA GRÁFICO~ Carlos Eduardo de Andrade reclama quando envia o texto em cima da hora na segunda, pois nega veemente a existência de um botão Criar Arte Descolada Para Post no Adobe Photoshop. É de se imaginar que ele use uma versão desatualizada do programa. Ou seja apenas uma dessas divas das artes, vai saber.
Puxa a cadeira de maneira decidida. Senta agora com uma postura ereta. Está disposto a fazer o máximo para parecer alguém que está prestes a produzir algo muito cheio de significados.
Recorda do Sinatra gripado de Gay Talese e dá um sorriso de canto de “agora vai”. É a inspiração que lhe faltava. Pode até parecer um desatino, mas até mesmos os grandes homens estão sujeitos a sofrer com o ranho verde que volta numa fungada.
“Saúde!”